quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Relato do parto - Vitória de presente de Natal!


Dia 24 de Dezembro, às 4hrs da manhã, acordei morrendo de vontade de fazer xixi e com uma cólica muuuito chata.
Fui correndo pro banheiro e quando sentei no vaso, meu nariz começou a sangrar de repente! Tudo a ver, né?
Depois que eu fiz uns 20 litros de xixi, limpei e vi uma gosmela parecendo catarro no papel e já deduzi que aquilo fosse o tampão saindo aos poucos.
Depois de ficar um tempão pelejando com meu nariz pra parar de sangrar, deitei de novo e dormi... Muito mal, mas dormi.
Não sei que horas levantei, deve ter sido umas 2hrs da tarde, mas sei que continuava com cólica, que ia e vinha.
O tampão também continuava saindo aos pouquinhos sempre que ia no banheiro (e eu ia muito!).
Minha mãe já começou a ficar preocupada porque as dores não paravam e já começou a ligar pro povo avisando que se continuasse assim, que ela ia me levar pro hospital.

Conversei com a Rebeca, que é doula, no msn, e falei o que tava acontecendo, o que eu tava sentindo, e ela falou que eu não precisava preocupar, porque o tampão depois que sái, pode demorar dias até que o trabalho de parto comece. Mas lá no fundo eu não fiquei tranquila e sentia que a Vitória tava a caminho...
Então, liguei pro Edi, e avisei que eu tava sentindo dor, e que ia pro hospital se não melhorasse. Ele deve ter pensado que era bobagem ou achismo meu...

Minha mãe começou a adiantar o rango de natal... Eu tava tranquila, fui tomar banho, troquei de roupa, passei maquiagem de leve, olhei a malinha de novo pra ver se tava tudo lá. Acho que lá pras 22:30 da noite o rango ficou pronto. Lógico que eu comi primeiro. Senão ia ter que levar uma marmitinha pro hospital rsrsrs.

A cólica começou a apertar mais, e já tava vindo de 10 em 10 minutos. Parecia um despertador.
E lá fui eu pro hospital. Ainda avisei que não ia entrar com a mala, porque se fosse alarme falso, não ia ter que ficar carregando nada.
Cheguei no hospital era quase meia noite. O médico veio me examinar, prestou atenção nas contrações, mediu tempo, ouviu o coraçãozinho da Vitória, ficou mexendo na minha barriga e depois veio fazer aquele maldito toque. O coisa dolorida!
Depois sentou na cadeirinha e ficou lá, anotando as coisas... Perguntei que que tava acontecendo, se ela tava encaixada, se tinha dilatação, que que ia ser de mim e tal. Ele falou que eu tava de 3 pra 4cm de dilatação, e que eu ia ter que ficar internada.
Nossa, eu gelei. Sabia que era a pituca me cutucando querendo sair.
Minha irmã falou que ia ligar pro Edi pra avisar, mas eu pedi pra ela não ligar.

Tinha ligado pra ele um dia antes perguntando onde ele ia passar o natal, e que ele podia vir aqui pra casa, mas ele falou que ia trabalhar. Trabalhar o cacete... Sei lá onde ele tava e com quem, e não quero saber também, mas como eu já tinha dito, eu não ia avisar qdo chegasse a hora mesmo.
Mas minha irmã tinha que avacalhar o esquema... Ligou pra ele pra avisar que eu ia ficar lá e que a Vitória ia nascer, falando que ele é o pai e que tinha que saber sim... O raiva que eu fiquei.

Aí minha mãe foi preencher e assinar aquela montanha de papel da internação e me levaram pra sala de pré parto. Cheguei lá, fiquei deitada esperando, e as contrações continuavam indo e vindo, nesse tempo de mais ou menos 10 minutos ainda.

De vez em quando eu levantava, andava um pouco pra lá e pra cá, fuçava nas coisas na sala, fuçava na minha ficha e na ficha dos outros que tava lá, e ia fazer xixi toda hora.
Minha mãe começou a ficar nervosa e só pensava em cigarro... E ia lá embaixo onde minha irmã tava esperando pra fumar.
Eu tava morrendo de sede, mas ninguém me deixava beber água, falando que eu tinha que ficar de jejum. E quando falaram que eu não podia, aí que me deu mais vontade ainda. Minha boca parecia que ia espumar de tão seca.

Minha mãe me mata de vergonha
Depois minha mãe começou a contar altas bobagens, e eu naquela crise de riso. Achava que eu em trabalho de parto daquele jeito era o que tinha de melhor. Tranquila, com contração leve, que doía, mas que era beeeem suportável, e rindo que nem besta na maior altura.
Não sei quantas horas eram, mas minha mãe começou a reclamar que queria dormir, mas como não podia deitar na cama, foi deitar nos banquinhos do lado de fora da sala, e enquanto ela cochilava, fui andar pra ver se meu telefone dava sinal pra ligar pra alguém.

E fui andando, desci as escadas e vi que tava atrás da recepção. Aí fui andando e andando, e vejo alguém em pé na porta do hospital... Ligo pra minha irmã e pergunto se aquilo alí era o mocorongo do Edi. E era o próprio.
Aí vieram os dois perguntar o que que eu tava fazendo alí, fugindo da sala de pré parto. Eu tava andando ué.. Andar é bom pra aliviar as dores... Pedi pra Fernanda pegar água pra mim e bebi na maior cara de pau. E lógico já comecei a xingar o Edi falando que se ele tivesse passando natal com alguma prostituta de 5ª que ele ia me pagar e caro depois, já que minha irmã ligou pra ele pra avisar que eu tava lá meia noite e ele chegou lá no hospital lá pelas 3hrs da manhã com aquela cara de sonso...

Pra evitar a fadiga, não quis saber de papo e voltei pra sala... Deitei na caminha e fiquei lá. Tomei um banho rapidinho também, porque arrumei uma suadeira que só Jesus...

Aí as contrações começaram a vir daquele jeito... Tavam de 5 em 5 minutos. E como já tava doendo beeem mais, minha mãe saiu pra procurar a enfermeira, que tinha sumido e me abandonado lá pra chamar o médico pra ver como tavam as coisas.

Apareceu um médico mais ignorante, com a cara amassada e tudo... Devia tá lá bem dormindo feliz e porque tava trabalhando no natal e teve que acordar por minha causa, deve ter ficado de mau humorzinho, o infeliz...

Só sei que ele foi muito grosso comigo, veio fazer aquele toque infernal e o negócio doeu mais que tudo nesse mundo. Comecei a subir pela cama pedindo pra ele ir devagar, mas ele me mandava ficar relaxada e quieta senão não tinha como ver. Mas como a gente relaxa sentindo dor? Só sei que disgramei a chorar que nem criança, enquanto ele falava com a enfermeira "ninguém merece", como se ele tivesse alí me fazendo um favor, de graça... Nossa que ódio que fiquei daquele cara...
Ele falou que tava com 4cm ainda, saiu da sala e me largou lá, naquele sofrimento.
Eu só sei que depois desse toque, as contrações começaram a vir com mais frequência e muuuito mais doloridas. Eu não tinha lugar naquela cama... Não achava posição que prestasse. Eu ficava em pé, sentava, deitava, ficava de quatro, agachava, e chorava, pedia pelo amor de Deus, não aguentava mais aquilo. E minha mãe, começou a desesperar e começou a chorar também.
E o pior, era que eu lá, chorando, gritando, gemendo de dor, morrendo de sede, e não aparecia uma alma pra ver o que tava acontecendo... Aí que eu senti que eu tava alí jogada as traças e que se acontecesse alguma coisa ninguém ia me socorrer.

Quando deu umas 5:30 da manhã, eu já gritando e chorando que nem uma doida desvairada de tanta dor, a enfermeira resolveu chamar aquele médico imbecil, que veio com aquela cara de cu me enfiar o mãozão de novo. Eu que já tava chorando, pedi pra ele ir devagar porque tava doendo demais, e como as contrações tavam, vindo de 2 em 2 minutos, eu não conseguia relaxar nem com reza braba.
Mas foi a mesma coisa que falar com um poste. O cara, naquela ignorância, me examinou e eu gritei de dor. Pelo menos já tava com 6cm de dilatação e ele falou que agora eu podia ir pra sala de parto tomar a anestesia pra aliviar.
E fui, chorando, claro...
Chego lá, a enfermeira, que era a mais boazinha e paciente do mundo, começou a conversar comigo, pedindo pra eu ficar calma, que ia dar tudo certo, falando pra eu fazer força qdo sentisse que a contração tava vindo que isso ajudava, segurou na minha mão e falou que ia me colocar no soro enquanto o anestesista vinha.
Colocou aquele cateter, ou sei lá o nome daquilo, na minha mão com o maior jeito pra não doer muito, colocou o negócio de medir pressão, saiu colocando uma fiarada em mim pra medir batimento cardíaco e sei lá mais o quê, e eu fiquei lá, parecendo uma doida. O anestesista veio, e me enfiou a agulha coluna adentro. 5 minutos depois eu tava mole, tremendo igual doida e toda coçando. Efeito da anestesia segundo a enfermeira... Já devia ser umas 6 e pouco da manhã.

Eu com a cara toda coçando, comecei a ficar nervosa, irritada, impaciente e queria arrancar aquela fiarada de mim e jogar longe. Comecei a ficar doida, e mesmo sem sentir dor mais, eu sentia quando vinha a contração e sempre fazia força. As contrações já tavam vindo uma atrás da outra.
O médico vinha, olhava como tava a dilatação, monitorava o batimento do coraçãozinho da Vitória, e falava que não tava na hora ainda. Ele ainda teve que estourar a bolsa, que não estourou sozinha nem a porrete. Aí ele simplesmente saía da sala e voltava quando queria...
A enfermeira boazinha teve que ir embora e eu fiquei doida, porque minha mãe apesar de estar lá do meu lado, não podia fazer nada, e ele também tava tão nervosa que não sabia o que fazer também.
Quando deu 7hrs da manhã, o efeito da anestesia começou a passar, e eu já voltei a sentir aquela dor horrorosa das contrações. O médico ignorante deve ter ido embora, ou ido atender outra pessoa, ou ido dormir, ou quem sabe tenha morrido, e o primeiro médico que me examinou quando cheguei no hospital, veio terminar o serviço... Ele chegou perguntando como tavam as coisas, falei que tava doendo muito, e ele falou que a dor lá embaixo não sumia por completo e que era normal...
E eu naquele desespero, comecei a gemer de dor outra vez... E esse médico, igual o outro, ficava saindo da sala toda hora também. Ele me examinou, falou que a dilatação já tava em quase 10cm, e que ia depender de mim, que eu precisava fazer força pra ajudar... E depois disso, saiu da sala...

Aí que o negócio ficou feio... Comecei a fazer aquela força mais horrorosa do mundo, a anestesia tinha passado, e eu senti como se a pirikita tivesse pegando fogo. Aí, não sei pra quê fui fazer isso, mas coloquei a mão lá pra sentir, e senti aquele volumão aumentando... Era a cabeça da Vitória saindo meu Deus do céu...
Aí soltei aquele grito, a enfermeira olhou pra trás e saiu correndo atrás do médico pra chamar ele, gritando que tava nascendo... O psicopata do médico veio no desespero vestindo a roupa de qualquer jeito e catando a menina no ar, sem luva nem nada, porque nem tempo de colocar ele teve... Sem comentários...

Depois que a Vitória saiu, eu ouvi aquele chorinho mais gostoso do mundo, queria ver ela, queria ver o que tavam fazendo com ela, mas não consegui, só vi quando ela saiu mesmo e o médico pegou ela e levantou e eu vi aquela bundinha cor de rosa rsrsrs.

Aí a outra enfermeira, ou pediatra, sei lá quem era aquela mulher, colocou a Vi na mesinha do lado, limpou ela, colocou ela em cima de mim quase de cabeça pra baixo de um jeito que eu não consegui ver ela direito. Tentei ajeitar, mas aquela fiarada atrapalhou. Aí levaram ela pro berçário pra terminar de limpar, vestir roupinha e tudo, e o médico pediu a enfermeira pra ela levar uma anestesia pra ele dar alí e dar os pontos. Diz ele que fez a episio, mas eu não vi, não senti, nem nada. O que eu senti foi minha pirikita rasgando depois de ter pegado fogo rsrsrs.
Ainda senti aquelas agulhadas da anestesia, e depois que já não tava doendo mais, as puxadas dos pontos que o médico deu. Aí me levaram pra uma salinha de espera. Minha mãe veio pra perto de mim falar que viu a Vitória no berçário, e que a minha irmã e o Edi tavam olhando ela pelo vidro, bem bobos... Falou que ela era linda.

Ela nasceu, dia 25 de dezembro de 2010, às 7:23 da manhã, com 2875gr, 49cm, apgar 9/9, e rosa, depois de todo aquele sofrimento que passei, em pleno Natal! rsrsrs Ah, e ela parece comigo, obrigada! :D

Aí uns 5 minutos depois, uma enfermeira veio terminar de espremer minha barriga pra sair o resto do sangue que sobrou. Nossa que coisa nojenta e dolorida... Depois disso, trouxeram a Vivi, colocaram ela deitada do meu lado e a menina já começou a procurar peito. E mamou toda feliz. Depois de uma meia hora alí mofando, me levaram pro quarto. Minha mãe, a Fernanda e o Edi foram junto. Depois, as duas foram embora porque minha vó tava vindo ficar comigo.
Eu tava morta de cansada, acabada, exausta, destruida e descabelada... só queria dormir, mas quem disse que eu conseguia? E quando eu conseguia cochilar, ou alguém entrava no quarto pra me trazer algum remédio, ou alguém me ligava pra me encher o saco.
Minha vó e o Edi ficaram lá comigo, um mais babão que o outro com a menina....
Depois do horário de visita, fiquei lá sozinha, mas foi tranquilo.

Dia 26, me deram alta de manhã e pude ir embora pra casa, graças a Deus... já tava ficando doida de ter que ficar naquele hospital mais um minuto.

Mas foi assim... Não gostei do parto, achei que foi muito sofrido, o povo do hospital parece que gosta de trabalhar tratando os outros com descaso, não ligam pra gente lá, sentindo dor, gritando, morrendo... Achei um absurdo aquele hospital.. e isso porque é particular... Se eu soubesse que ia ser assim, teria ido pra alguma maternidade do SUS... pelo menos ia sofrer de graça ao invés de ter que pagar pra sentir dor e ser tratada como bicho. Claro que vou reclamar daquele hospital, dos médicos, e vou denunciar por não deixarem acompanhante dormir lá comigo.

Hoje a Vitória tá com 4 dias. Sei que demorei pra contar como foi, mas eu tava com uma dor nas costas tão horrorosa que tava travada, mal podendo sair da cama.
Tirando essa dor, a recuperação tá ótima. Já saio pra qualquer lugar, e se bobear, até corro rsrsrs.

Baum.. chega de falatório. Aí umas fotitas da Vitória: